Vou começar essa coluna me apresentando oficialmente a vocês leitores da Fatal Model, sou a Nina Sag, acompanhante há três anos e sete meses e anunciante da plataforma.
Alguns já podem ter lido um texto meu por aqui como Nina Honorato, mas tive que trocar o sobrenome por uma questão familiar. Aliás, essa é a primeira pergunta que toda garota ou garoto se faz quando realiza seu primeiro atendimento e torna-se um acompanhante: “e se a minha família descobrir?”. De todos os medos que nos envolvem, esse, definitivamente, é o mais preocupante, pois trata-se de pessoas que nos conhecem e nos amam.
Durante meu tempo de trabalho acredito que já passei por todas as fases envolvidas na profissão. Em nossa cabeça sempre existe um “e se”. E se meus amigos descobrirem, e se meu crush saber e não aceitar, e se meu ex descobrir, e se o cliente for violento, e se o contratante não me pagar, e se a pessoa ficar fazendo hora com meu tempo, e se for alguém conhecido e que conhece meu nome real, e se a camisinha estourar, etc.
Bom, pretendo explorar todos esses e outros assuntos aqui no Fatal Blog. No texto de hoje trago algumas dicas valiosas para quem está começando no mercado. Continue a leitura e confira!
A realidade de ser uma acompanhante por Nina Sag
Devo confessar que quando me sentei para escrever este texto, abri o aplicativo de música e busquei pela trilha sonora de Uma Linda Mulher para me inspirar, mas ao invés disso, um filme passou na minha cabeça e lágrimas desceram imediatamente. O sentimento é mais de gratidão do que por qualquer outra coisa.
Em outro emprego, seria improvável que às 8h eu estaria em cima da cama, com meu notebook no colo, uma toalha enrolada na cabeça e uma xícara de café ao lado fazendo algo que realmente gosto, que é escrever. Porém, assim como o glamour de gerenciar o próprio tempo, há dias que você precisa sair da cama arrastada às 5h30min para ir encontrar um cliente porque ele está de passagem pela cidade ou precisa sair às 23h porque o movimento da semana foi fraco e você não pode perder essa oportunidade.
Não se deixe levar pela ideia estereotipada da sociedade de “vida fácil”, pois não é. Sempre digo isso para as meninas que me procuram para orientação, esse é um trabalho e tem todos os ônus e bônus como qualquer outro ramo. Tem o cliente chato, tem a colega chata, tem os dias que tudo ocorre maravilhosamente bem e você fica se sentindo a própria executiva do sexo e tem dias que você se sente a gata borralheira pedindo esmola no farol. E, voltando as referências de Pretty Woman, há homens nesse meio como o Edward, que vão te tratar como uma linda mulher e há outros como o advogado do Edward, o Philip Stuckey que vão tratar você como um pedaço de carne precificado.
A Versatilidade da Profissão
Não se iluda e nem desanime com o meu relato. Trabalhar como acompanhante é ser um pouco sexóloga, psicóloga, namoradinha e às vezes até a amiga conselheira. Prepare-se para tudo, para ver um homem tachado de “machão” querendo experimentar uma lingerie ou pedindo inversão. Para podólatras que vão te pedir para enfiar a metade do seu pé na boca dele ou ainda cheirar o seu pé depois de um dia inteiro dentro de uma sapatilha de plástica, que sabemos bem como fica esse cheiro.
Se você condena traições, nem entre na profissão porque a maioria são homens casados, prepare seu emocional para ver histórias de noivos que em poucas horas irão subir ao altar contratando uma acompanhante para se divertir ou também aquele do interior que veio acompanhar a esposa grávida nos exames e aproveitou para dar uma escapadinha.
Dicas que Fazem a Diferença
Se você trabalhar bem, prepare-se para ver seus primeiros atendimentos virando clientes fixos, prepare-se para ter sempre dinheiro na conta bancária e poder resolver um problema sozinha quando for o caso. Seja organizada e menos impulsiva com as finanças para não torrar seu ganha-pão num sapato de luxo ou na balada com as amigas bancando as festinhas, porque tem grandes chances da semana seguinte o movimento ser baixo.
Veja seus bons clientes não apenas como uma cifra bancária imediata, se ele te trata com educação, paga o valor do seu cachê sem pedir desconto e respeita o seu tempo, veja nele um parceiro de negócios a longo prazo, faça networking, nunca se sabe quando algum deles será a solução de um desafio que você esteja enfrentando. De tudo que eu conquistei nesse meio, a minha lista de contatos (juiz, médico, advogados, agentes federais, empresários) é o mais importante para mim. Tenho clientes em muitos cantos do país e sei que no momento que eu precisar, tenho carta branca para entrar em contato, pois eles sabem que podem contar com a minha discrição.
Enfim, me tornei-me acompanhante e agora?
Respondendo a pergunta que comecei o texto, depois que você vira um(a) acompanhante, o seu sobrenome precisa ser uma coisa: discreto. Depois da educação, a discrição é a característica mais importante em um acompanhante. Jamais aborde um cliente na rua ou pare para cumprimentá-lo, mesmo que estiver sozinho, a menos que ele tome a atitude de cumprimentar você primeiro. Jamais mande ou responda uma mensagem fora do horário comercial, a menos que você tenha certeza do seu estado civil. Nunca chegue na recepção de um hotel vestida sensualmente e diga que vai atender um cliente. Sua profissão não precisa estar estampada na testa ou na vestimenta, isso vale também para quando for acompanha-lo em um jantar.
Um conselho bem particular que compartilho: não aceite o termo “qual o seu valor”, pois o seu valor real, ninguém pode pagar, responda com: o valor do meu cachê é tal. Não permita que ninguém te diminua nessa profissão, independente dos seus motivos e evite dar justificativas o tempo todo.
E, por último, mas não menos importante: tenha a mente aberta. Esse é um dos principais motivos pelos quais homens procuram acompanhantes, porque se pressupõe que nós estamos mais dispostas a ver os desejos sexuais por outros ângulos diferentes das demais pessoas. Então permita-se, mas sem passar dos seus próprios limites, entenda que nesse trabalho você vende seu tempo e atividades sexuais, mas nunca, jamais negocie seus valores morais e sua sanidade.