O mercado de acompanhantes, apesar de muito antigo, é um tema estigmatizado. Sendo, por exemplo, muitas vezes uma temática proibida em ambientes escolares e familiares. Visto que esse assunto precisa ganhar destaque e ser debatido, pois só assim ele deixará de ser um tabu, separamos cinco dicas de livros para acompanhantes que estão começando no mercado ou pessoas que querem vir à trabalhar no ramo.
Em primeiro lugar, essas sugestões de leitura vão além de abordar a temática do trabalho sexual. Elas são narrativas escritas por pessoas que enfrentaram seus medos e expuseram suas rotinas, vivências, lutas, vitórias e, principalmente, desafios de quem trabalha com esse ramo. Em segundo, a leitura dessas obras pode amenizar curiosidades, servir de estudo, mas pode, principalmente, ser usado como exemplo para mudar mentalidades. Afinal, cá entre nós, sabemos que a única oportunidade dos profissionais de fato terão chance à igualdade e aos direitos que outras categorias possuem é a desconstrução do tabu. Confira a nossa lista de livros para acompanhantes:
“PutaFeminista” por Monique Prada, um dos livros para acompanhantes de maior relevância
Começamos com o livro da Monique Prada. Essa leitura é recomendada à todas as mulheres, independente da profissão, porque fala sobre feminismo da ótica de uma acompanhante. Monique expõe, neste misto de ensaio e manifesto, as ideias que servem de base para o “putafeminismo” – um movimento que dá voz às trabalhadoras sexuais e fortalece a luta dessas mulheres por direitos e contra a opressão, sem que para isso a categoria precise abrir mão de seu trabalho ou se envergonhar dele.
“Se eu fosse Puta” por Amara Moira
Nossa segunda dica de livros para acompanhantes traz uma outra visão sobre o mercado. Uma leitura um pouco mais romantizada das aventuras da profissão. A professora de literatura, doutora em Letras pela Unicamp e acompanhante em Campinas, Amara Moira, faz um relato autobiográfico sobre sua transição de gênero e as experiências como profissional do sexo.
Nesta obra, Amara mostra a vida por trás dos panos da profissão, mostrando as angústias, os medos, os preconceitos mas também, os prazeres que ali conheceu. Escancarando verdades que a sociedade gosta de deixar escondidas debaixo do tapete, ela aborda o cotidiano da prostituição, sobretudo da perspectiva trans: o dia a dia da rua, a barganha, o homem antes e depois de pagar. Este livro é sobre a escolha que não faz sentido, este livro é sobre buscar porquês.
“O prazer é todo nosso” por Lola Benvenutti
E que tal uma leitura sobre prazer? A fim de apresentar as infinitas possibilidades de se obter prazer nas relações afetivas e sexuais, a autora Lola Benvenutti conta, de maneira divertida, envolvente e instigante, algumas das suas experiências relacionadas ao universo dos desejos, da sedução e do sexo. O livro O prazer é todo nosso é uma obra dedicada a todos que desejam gozar a vida longe de tabus e preconceitos. Para aqueles que querem ser livres para descobrir seu corpo e suas inúmeras possibilidades de prazer. É destinado, ainda, a todos que aspiram a liberdade para o deleite no encontro de corpos que se desejam. Enfim, é oferecido àqueles que têm curiosidade sexuais e querem viver intensamente o prazer a que todos têm direito e que é, portanto, todo nosso. Lola também escreveu a obra “Por que os homens me procuram?”.
“Diário de Marise” por Vanessa de Oliveira
Já essa é uma leitura que fala sobre a rotina de uma acompanhante. Marise, nome de trabalho de Vanessa, é uma mãe dedicada. Na faculdade de enfermagem, uma aluna esforçada. Nos hotéis e motéis onde atende, uma garota de programa muito requisitada por conta dos anúncios de jornal, nos quais vende com criatividade sua beleza e seus atributos, sozinha ou em dupla.
Em 2003, ela começou a escrever um diário, falando sem censura de seus programas, das taras de seus clientes, das orgias, das casas de swing, da vida nas ruas e nas boates. Vanessa também mostra a relação com a família e as amigas, as frustrações com os homens que amou e como entrou nessa vida. De acordo com suas contas, a autora já fez cerca de 5 mil programas.
“Eu, Dommenique” por Dommenique Luxor
Quem já se pesquisou um pouco sobre sexo na internet, certamente, já se deparou com a sigla BDSM – sigla referente à bondage e disciplina, dominação e submissão, sadismo e masoquismo. Dommenique é uma mulher, formada em história e ex-funcionária pública concursada. Ela abandonou uma confortável vida convencional de classe média para dedicar-se em tempo integral às práticas de BDSM e ao fetichismo.
Como Dommenique Luxor, dominadora profissional, ela exerce controle absoluto sobre seus objetos ou submissos. Os homens que procuram essa mulher acabam envolvendo-se em um sofisticado jogo de dominação e submissão. É um jogo com limites previamente combinados, mas não há jogadas ensaiadas. Dentro desses limites, tudo pode acontecer!
A regra é muito clara e específica: A Domme decide e executa, o escravo serve e obedece. Os castigos ou jogos atingem os campos físico, mental e emocional. Erótico e sexual, os envolvidos sentem prazer de forma peculiar. Em suma, a obra apresenta relatos verídicos de diferentes tipos de sessões de dominação e revela as ideias e inquietações de uma mulher que é, acima de tudo, senhora de si.
Em conclusão, esses são apenas alguns títulos que permeiam esse universo que possui tantos leitores e adeptos, mas ainda sim marginalizado e cheio de tabu. Portanto, esperamos que esses livros possam servir de inspiração e causar bons debates.
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