Há poucos dias os jornais de todo o país noticiava mais um caso de exploração sexual de mulheres. Coordenado por um empresário de São Paulo e uma modelo famosa no meio artístico.
Esse é só mais um entre tantos outros casos que infelizmente não chegam até o conhecimento policial e jornalístico.
Como identificar um caso de exploração sexual? Como saber se você, acompanhante, está sendo explorado sexualmente e como fazer essa denúncia? Nesse artigo quero tentar mostrar que atitudes podem servir de alerta para que o trabalhador sexual não caia nessa armadilha.
Exploração Sexual x Prostituição: como diferenciar?
Ao contrário do que muita gente pensa, a prostituição não é crime no Brasil. A atividade foi reconhecida como legalizada em 2002 pelo Ministério do Trabalho. No entanto, aquele que ganha diretamente da prostituição alheia está cometendo o crime de Rufianismo, previsto pelo Código Penal, artigo 230.
Exploração sexual é quando o alguém se beneficia financeiramente ou sexualmente de outra pessoa, usando de propostas enganosas de trabalho que prometem muito lucro ou de coação que pode ser obtida com violência física, chantagem e abuso psicológico.
Também é um crime previsto pela Constituição. Está descrito no artigo 228 e 229 do Código Penal, com pena de dois a cinco anos de reclusão mais multa.
Em outras palavras, tudo bem legalmente ser acompanhante, mas ganhar com a prostituição de alguém ou explorá-lo sexualmente não.
Como identificar a exploração sexual?
Quer um exemplo de exploração sexual? Quando o carinha – ou a moça bonita e infuencer – que te abordou nas redes sociais ou numa balada dizendo que pode te oferecer um trabalho que dê muito dinheiro. Mas, que para isso precisa testar se você tem capacidade para ser contratada e a forma de avaliar “seu currículo” é te levando para a cama.
É exploração sexual se te oferecem viagem, presentes, drogas ou favores em troca de sexo. Pode ocorrer de duas formas: eventualmente ou constantemente.
Também é exploração sexual e tráfico de pessoas se te oferecem uma proposta de trabalho em outra cidade ou país, e ao chegar no local é impedida de ir embora e obrigada (o) a fazer sexo em troca de dinheiro.
Histórias Reais
Certa vez eu conversava com uma cliente sobre uma viagem de trabalho que ela fez poucos dias antes de nos encontrarmos, na qual ela me relatou uma história triste de exploração sexual.
Segundo ela, enquanto aguardava o horário do seu voo do Pará para São Paulo, ao seu lado uma moça chorava discretamente desesperada. Sem querer ser incisiva, perguntou a garota que tinha por volta de uns vinte anos se precisava de ajuda.
A menina respondeu que estava tudo bem agora, estava embarcando para a casa dos seus pais, mas que tinha acabado de lidar com uma situação complicada e traumatizante.
Há algumas semanas, ainda na sua cidade, tinha recebido uma proposta muito boa para fazer um freelancer de modelo no Pará, comprou passagem por conta própria e foi. Quando chegou no local onde seria o tal do trabalho, seus pertences foram confiscados e foi presa em um quarto, sendo obrigada a fazer sexo por dinheiro que não ficava em suas mãos.
Graças a um “cliente” que ficou com pena do quanto a moça chorava, combinou com ela que ao invés de trancar a porta quando saísse – todos que entravam recebiam uma chave para destrancar e tinha que trancar quando terminava – que deixaria encostada para que ela fugisse.
E foi o que fez, nessa oportunidade saiu correndo do quarto após o cliente ir embora, pulou uma janela e fugiu sem levar nada das suas coisas. Sozinha e na rua teve que se prostituir para que arrumasse um celular e conseguisse falar com os pais e pedir ajuda.
Ali sentada no aeroporto, ela chorava de alívio.
Quando a Exploração vem de Conhecidos.
Outra vez, escutei de uma colega num grupo de acompanhantes, que a amiga tinha aceitado viajar com um paquera que se propôs a pagar todos os custos da viagem para que ela apenas o acompanhasse.
Entretanto, durante o passeio, exigiu como “pagamento” dela, que fizessem sexo, caso contrário não pagaria seus custos de volta para sua casa.
Seja Racional
“Quando a esmola é demais o santo desconfia”. Esse é um ditado que está muito relacionado com a exploração sexual, pois muitas pessoas se deixam levar pelas propostas maravilhosas de trabalho.
Tudo que parece muito fácil por trás talvez tenha um custo muito alto, às vezes até com a própria vida. Não vou nem entrar no mérito de números de quantas mulheres morreram por cair em ciladas desse tipo.
Pessoas que cometem esse tipo de crime costumam ser muito inteligentes e sedutoras. Tentam te convencer de um estilo de vida falso usando da aparência, de carros luxuosos, de roupas de grife e baladas caras.
A ganância te coloca em situações difíceis. Fique em alerta quando receber uma proposta que parece ser muito boa, peça referências de outras pessoas. Não se deixe levar pela vaidade ou confie em alguém que acabou de conhecer, apenas porque ela demonstra um ótimo padrão de estilo de vida.
Caso esteja em uma situação assim, ou conheça alguém que está, denuncie através dos números 100 ou 181.
Confira também os relatos sobre Abuso Sexual na Profissão de Acompanhante, e veja como tentar evitar casos relacionados durante seus atendimentos.
